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Lume

Foi assim, era costume Tu vinhas pedir-me lume Ao balcão daquele bar E eu disse que não, primeiro Depois, comprei um isqueiro E até voltei a fumar As noites que nós passamos Quantos cigarros fumámos Tanto lume que eu te dei Um dia acordei com frio Estava o cinzeiro vazio E nunca mais te encontrei Mas ontem, naquele bar De repente, vi-te entrar Foste direita ao balcão Como era o teu costume Vieste pedir-me lume Mas eu disse-te que não Se quando te foste embora Deitei o isqueiro fora Que lume te posso eu dar? Pede a outro que te ajude P'ra bem da minha saúde Eu já deixei de fumar Sem dormir de madrugada Ouvi teus passos na escada Vi da janela, o teu carro Debaixo do travesseiro Encontraste o meu isqueiro E acendeste-me um cigarro Manuela de Freitas https://www.youtube.com/watch?v=U5QfsuqWWZA

Água louca da Ribeira

Água louca da Ribeira, Que corres em cavalgada, Porque não vais devagar? Essa corrida é cegueira... Não vês, nem olhas p'ra nada, Na pressa de ver o mar! Já corri dessa maneira, Nas asas duma ilusão, Na loucura de chegar... Fui deixando pela ladeira, Pedaços do coração, Beijos loucos, sem amar! Vida que foste vivida A correr tão velozmente, Paraste à beira do mar... Agora, vives perdida, São saudades, o que sentes, Por não poderes regressar  Armando Varejão

Tentei fugir da mancha mais escura

Tentei fugir da mancha mais escura que existe no teu corpo, e desisti. Era pior que a morte o que antevi: era a dor de ficar sem sepultura. Bebi entre os teus flancos a loucura de não poder viver longe de ti: és a sombra da casa onde nasci, és a noite que à noite me procura. Só por dentro de ti há corredores e em quartos interiores o cheiro a fruta que veste de frescura a escuridão... Só por dentro de ti rebentam flores. Só por dentro de ti a noite escuta o que me sai, sem voz, do coração. David Mourão-Ferreira

Princesa Prometida

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(Pablo Picasso "Mulher ao Espelho" - copiado em: http://www.brustin.com.br/wordpress/tag/mulher-ao-espelho/)   Há um véu no meu olhar Que a brilhar dá que pensar Nos mistérios da beleza Espelho meu que aconteceu Do que é teu e do que é meu Já não temos a certeza A moldura deste espelho Espelho feito de oiro velho Tem os traços de uma flor Muitas vezes foi partido Prometido e proibido Aos encantos do amor Espelho meu diz a verdade Da idade da saudade À mulher envelhecida Segue em frente na memória Mata a glória dessa história Da princesa prometida Aldina Duarte

princesa prometida - aldina duarte

Quando partiste

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(Foto desconhecida - retirada em http://www.striperonline.com/pictures/reports_2003/full_moon_9_10_03.jpg) Quando partiste foram contigo os meus desejos quando partiste foram contigo os meus abraços vivo agora a mendigar teus falsos beijos ouvindo os risos que tu dás aos meus fracassos quando partiste nunca supus que à despedida ia contigo naufragar a minha vida Não te posso censurar sei bem podes dar a quem quiseres teu calor mas se um dia tu ouvires alguém louco por ti chamar amor Sou eu sou eu sou eu   que nunca te esqueci e sei amor meu bem que te perdi Quando partiste julguei vencer o desespero quando partiste julguei vencer a solidão menti menti para não contar o que te quero mas já sem forças o meu pobre coração pus me a chorar pus me a gritar que na verdade  é tão cruel a voz amarga da saudade Não te posso censurar sei bem podes dar a quem quiseres calor mas se um dia tu ouvires alguém louco por ti chamar amor  Sou eu sou eu sou eu   que nunca te esqueci e sei

há uma musica do povo

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(fernando pessoa) Há uma musica do Povo Nem sei dizer se é um Fado Que ouvindo-a há um ritmo novo No ser que tenho guardado… Ouvindo-a sou quem seria Se desejar fosse ser… É uma simples melodia Das que se aprendem a viver… Mas é tão consoladora A vaga e triste canção… Que a minha alma já não chora Nem eu tenho coração… Sou uma emoção estrangeira, Um erro de sonho ido… Canto de qualquer maneira E acabo com um sentido! fernando pessoa
Acetei o testemunho que passou a amiga charlotte e ai vai... Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser? seria um livro aberto... Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção? sim, o sete-luas do "memorial do convento" de saramago... Qual foi o último livro que compraste? "hei-de amar uma pedra" de a.l.antunes Que livros estás a ler? nenhum... Que livros (5) levarias para uma ilha deserta? "o senhor dos aneis" de tolkien "austerlitz" de sebald "o dicionario da lingua portuguesa" "memoria de elefante"de a.l.antunes "codigo da vinci" de d.brown A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê? à nina por ser uma pessoa de quem eu quero saber o que lhe interessa... à dulce porque também me interessa o que ela acha e à lina porque é uma amiga que gosto imenso...