Meu Corpo

Ary dos Santos


Meu corpo
É um barco sem ter porto
Tempestade no mar morto, sem ti.
Teu corpo
É apenas um deserto
Quando não me encontro perto, de ti.
Meus olhos
São as lágrimas do Tejo
Onde fico e me revejo, sem ti.

Quem parte de tão perto nunca leva
As saudades da partida
e as amarras de quem sofre.
Quem fica é que se lembra toda a vida
Da saudade de quem parte
e dos olhos de quem morre.

Não sei
Se o orgulho da tristeza
Nos dói mais do que a pobreza, não sei.
Mas sei
Que estou para sempre presa
Á ternura sem defesa, que eu dei.
Sozinha
Numa casa que é só minha
Espero o teu corpo que eu tinha, só meu.

Se ouvires
O chorar de uma criança
Ou o grito da vingança, sou eu.
Sou eu
De cabelo solto ao vento
Com olhar e pensamento, no teu.
Sou eu
Na raiz do pensamento
Contra ti e contra o tempo, sou eu.

Ary dos Santos

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