(fernando pessoa) Há uma musica do Povo Nem sei dizer se é um Fado Que ouvindo-a há um ritmo novo No ser que tenho guardado… Ouvindo-a sou quem seria Se desejar fosse ser… É uma simples melodia Das que se aprendem a viver… Mas é tão consoladora A vaga e triste canção… Que a minha alma já não chora Nem eu tenho coração… Sou uma emoção estrangeira, Um erro de sonho ido… Canto de qualquer maneira E acabo com um sentido! fernando pessoa
Foi assim, era costume Tu vinhas pedir-me lume Ao balcão daquele bar E eu disse que não, primeiro Depois, comprei um isqueiro E até voltei a fumar As noites que nós passamos Quantos cigarros fumámos Tanto lume que eu te dei Um dia acordei com frio Estava o cinzeiro vazio E nunca mais te encontrei Mas ontem, naquele bar De repente, vi-te entrar Foste direita ao balcão Como era o teu costume Vieste pedir-me lume Mas eu disse-te que não Se quando te foste embora Deitei o isqueiro fora Que lume te posso eu dar? Pede a outro que te ajude P'ra bem da minha saúde Eu já deixei de fumar Sem dormir de madrugada Ouvi teus passos na escada Vi da janela, o teu carro Debaixo do travesseiro Encontraste o meu isqueiro E acendeste-me um cigarro Manuela de Freitas https://www.youtube.com/watch?v=U5QfsuqWWZA
Água louca da Ribeira, Que corres em cavalgada, Porque não vais devagar? Essa corrida é cegueira... Não vês, nem olhas p'ra nada, Na pressa de ver o mar! Já corri dessa maneira, Nas asas duma ilusão, Na loucura de chegar... Fui deixando pela ladeira, Pedaços do coração, Beijos loucos, sem amar! Vida que foste vivida A correr tão velozmente, Paraste à beira do mar... Agora, vives perdida, São saudades, o que sentes, Por não poderes regressar Armando Varejão
Comentários